Advocacia no feminino

Março é o mês da mulher, uma boa oportunidade para analisar a questão da igualdade no universo da advocacia em Portugal e em particular na BAS.

O peso das mulheres no mundo da advocacia é indiscutível, desde logo em número. Se nos anos 90 as mulheres estavam em minoria, representando apenas 25% do número total de advogados em Portugal, atualmente estão perto dos 55%, o que consubstancia um aumento exponencial.

Ao nível das posições de topo dentro das sociedades de advogados, estes números ainda se encontram aquém da meta da igualdade, ficando à volta dos 30%, o que se considera dever ao facto de o grupo de advogados fundadores e séniores ainda ser da geração em que os homens se encontravam em maioria no mundo da advocacia. Com a inversão desta tendência, a médio/longo prazo, o número de sócias e sócios irá, seguramente, convergir.

No caso da BAS, em particular, o quadro geral de profissionais está assente na igualdade de género, com 15 mulheres e 17 homens. Na realidade, na visão desta sociedade de advogados, homens e mulheres têm desempenhos idênticos, por isso, no momento de selecionar novos profissionais para integrar a sua equipa, a mesma aposta, acima de tudo, na qualidade e no currículo profissional nas diversas áreas de atuação da sociedade.

Maternidade e carreira

Estes dois aspetos da vida de uma mulher – maternidade e carreira – são naturalmente compatíveis, acreditam os sócios da BAS. O contrário resulta de um paradigma geracional em que os homens trabalhavam e providenciavam os rendimentos para a família e as mulheres cuidavam da casa e dos filhos, mas que há muito se encontra ultrapassado.

“É certo que, tal como em todas as áreas, a maternidade, numa determinada fase, designadamente durante a gravidez e o pós-parto, podem alterar o desempenho das mulheres. No entanto, com o maior equilíbrio nas tarefas domésticas e na educação e quotidiano dos filhos que atualmente se verifica, não existe razão para que as mulheres progridam nas respetivas carreiras de modo diferente dos homens”, observa uma das suas sócias.

Para a BAS, recursos de excelência são difíceis de encontrar e acrescentam valor a uma sociedade de advogados durante décadas. Por esta razão, “não é a circunstância de uma advogada, num determinado período da sua vida, estar grávida ou ter que despender mais tempo a cuidar de um filho, que vai toldar a nossa escolha e decisão de contratação, pois a nossa procura está focada nos recursos de excelência, a longo prazo”, explica a sócia. E acrescenta: “É importante acabar com o estigma de que uma mulher, com filhos, tem menos ambições profissionais, ou que se encontra limitada no tempo, disponibilidade e capacidades que tem para oferecer à respetiva carreira. É todo um passado que tem que ser rescrito e tal processo demora o seu tempo.” É importante também, não deslizar para a tendência inversa, isto é, “de que uma mulher, para apostar na carreira tem, necessariamente, de prescindir da licença de maternidade e não pode ser uma mãe presente de forma contínua na vida e dia-a-dia dos filhos e família precisamente por ter uma vida profissional intensa”.

O segredo está no equilíbrio e este é possível, especialmente quando vivemos numa era em que a organização, métodos e instrumentos de trabalho permitem uma realidade dinâmica quanto ao modo, tempo e lugar para trabalhar. Ao presente, já existem muitas mulheres no mundo da advocacia que, apesar de serem mães, construíram e têm em desenvolvimento carreiras sólidas, com reconhecimento nacional e internacional. Há espaço e desejo de que venham a ser muitas mais, rumo a uma igualdade efetiva.

Mais em Comunicação